INFORMAÇÕES
AO PACIENTE
- Hidrocefalia
Definição
Hidrocefalia é uma condição na qual o excesso do fluído cérebro espinhal se acumula nas cavidades ou ventrículos do cérebro. O termo hidrocefalia deriva-se do grego ‘hydro’ que significa água e ‘cephalus’ que significa cabeça. Embora possa ser traduzido como ‘agua no cérebro’, a palavra realmente se refere ao acúmulo de fluido cérebro-espinhal, um líquido orgânico e límpido que cerca o cérebro e a medula espinhal. O fluído cérebro-espinhal está em constante circulação dentro dos ventrículos do cérebro e serve para muitas funções cruciais: 1) age como um “absorvente de choques” do cérebro e da medula espinhal; 2) age como transporte de nutrientes para o cérebro e remove o excesso; 3) fluí entre o crânio e a coluna para regular as mudanças de pressão.
Quando o fluído cérebro-espinhal se acumula ao redor do cérebro, pode-se criar uma pressão perigosa nos tecidos do cérebro que ficam juntos ao crânio. O acúmulo de fluido pode ocorrer por um aumento na produção do liquido, por uma diminuição no ritmo de sua absorção ou por uma condição que bloqueia o fluxo adequado dentro do sistema ventricular.
A hidrocefalia pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças pequenas e idosos com mais de 60 anos. Acredita-se que a hidrocefalia afete aproximadamente uma a duas crianças em cada mil que nascem nos Estados Unidos. A maioria dos casos é diagnosticado antes do nascimento, no momento do nascimento ou nos primeiros estágios da infância.
Causas
Pouco se sabe sobre as causas da hidrocefalia. Alguns casos estão presentes durante o nascimento, outros se desenvolvem durante a infância ou a fase adulta. Hidrocefalia pode ser herdada geneticamente, pode estar associada à problemas de desenvolvimento, tais como espinha bífida ou encefalocele, ou ocorrer por resultado de tumores cerebrais, ferimentos na cabeça, hemorragias ou doenças como meningite. Baseado na presença de defeitos estruturais ou níveis baixos/elevados da pressão do fluído cérebro-espinhal, a hidrocefalia pode ser dividida em duas categorias:
Hidrocefalia adquirida: este é o tipo de hidrocefalia que se desenvolve no nascimento ou na fase adulta e é tipicamente causada por ferimentos ou doenças.
Hidrocefalia congênita: é presente durante o nascimento e pode ser causada por incidentes ocorridos durante o desenvolvimento do feto ou como resultado de anormalidades genéticas.
Hidrocefalia comunicante: este tipo de hidrocefalia ocorre quando não há obstrução no fluxo de liquido cérebro-espinhal no sistema ventricular. A condição surge por causa de absorção inadequada ou por um aumento anormal na quantidade de fluído produzido.
Hidrocefalia não-Comunicante (obstrutiva): ocorre quando o fluxo do fluído é bloqueado em uma das passagens que conectam os ventrículos, causando o alargamento das estruturas acima do bloqueio e conduzindo para um aumento na pressão do crânio.
Hidrocefalia de pressão normal: é uma forma de ‘hidrocefalia comunicante’ que pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em idosos. É caracterizada pela dilatação dos ventrículos com pressão intracraniana normal.
Hidrocefalia Ex-Vacuo: afeta principalmente adultos e ocorre quando uma doença degenerativa, como o Alzheimer, derrames ou traumas, causam danos ao cérebro que podem fazer com que o tecido cerebral diminua.
Sintomas
Os sintomas da hidrocefalia tendem a variar muito de pessoa para pessoa e em diferentes idades e grupos. Bebês e crianças pequenas são mais suscetíveis a sintomas advindos da pressão intracraniana, como vômitos, e adultos vivenciam perda de funções como caminhar e pensar.
Bebês
- Tamanho anormal da cabeça
- Aumento rápido da circunferência da cabeça
- Fontanela tensa e inchada
- Veias proeminentes no couro cabeludo
- Desvio para baixo dos dois olhos (ou apenas de um)
- Vomito
- Sonolência
- Irritabilidade
- Convulsões
Crianças e adolescentes
- Náuseas e vômitos
- Inchaço do disco ótico ou papiledema
- Visão dupla ou embaçada
- Anormalidades ao caminhar e no equilíbrio
- Desenvolvimento baixo ou perda no processo de desenvolvimento
- Mudanças de personalidade
- Inabilidade de se concentrar
- Convulsões
- Apetite ruim
- Incontinência urinaria
Adultos
- Dores de cabeça
- Náuseas e vômitos
- Dificuldades ao caminhar ou distúrbios na maneira de andar
- Perda de equilíbrio ou coordenação
- Letargia
- Incontinência de bexiga
- Visão prejudicada
- Habilidades cognitivas prejudicadas
- Perda de memoria
- Demência branda
Testes e diagnósticos
Quando um médico suspeita de hidrocefalia, ele realiza uma avaliação clinica completa, que inclui a revisão e o registro detalhado do histórico medico e realizar um exame físico para avaliar as condições. Um completo exame neurológico, que incluem um ou mais dos seguintes testes, recomendado para confirmar o diagnostico e avaliar as opções de tratamento:
- Tomografia computadorizada
- Ressonância magnética de imagens
- Punção lombar
- Monitoração da pressão intracraniana
- Cisternografia isotópica
Os testes podem revelar informações uteis sobre a severidade da condição e o que a causou. Uma vez que a hidrocefalia é uma suspeita, é importante que um neurocirurgião e um neurologista se juntem ao time medico devido aos seus conhecimentos em interpretar resultados de testes e no tratamento da condição.
Tratamento
Hidrocefalia pode ser tratada de diferentes formas. Baseado na etiologia subjacente, a condição pode ser tratada diretamente removendo a causa da obstrução do liquido fluido espinhal ou indiretamente desviando o excesso do liquido. Hidrocefalia é mais comumente tratada indiretamente implantando um dispositivo conhecido como ‘válvula’ para desviar o excesso de fluído para longe do cérebro. O sistema é um tubo flexível que, junto com um cateter e uma válvula, é colocado por dentro da pele para drenar o excesso de fluído de um ventrículo dentro do cérebro para outra cavidade corporal, como a cavidade peritoneal (que é a área que envolve os órgãos abdominais).
Uma vez inserido, o shunt normalmente permanece no lugar adequado durante toda a vida do paciente (embora cirurgias adicionais para revisar o sistema do shunt sejam necessárias). O sistema do shunt continua executando sua função de desviar o fluído cérebro espinhal do cérebro, desse modo mantendo a pressão intracraniana nos limites normais. Em alguns casos, dois procedimentos são feitos, o primeiro para desviar o liquido e outro após um tempo para remover a causa da obstrução (por exemplo, um tumor cerebral).
Um número limitado de pacientes pode ser tratado com uma operação alternativa chamada terceiroventriculostomia endoscópica. Nesse procedimento, o cirurgião utiliza uma pequena câmera (endoscópio) com fibras ópticas para visualizar os ventrículos e criar um novo caminho para que o liquido possa fluir.
Acompanhamento
Funções neurológicas serão avaliadas após a cirurgia. Se algum problema neurológico persistir, pode ser requisitada reabilitação para ajudar na melhora. Entretanto, a recuperação pode ser limitada devido a extensão do dano que a hidrocefalia já havia causado e pela capacidade do cérebro de cura.
Porque a hidrocefalia é uma condição contínua, acompanhamento médico permanente é necessário. Testes de diagnóstico, que incluem tomografia computadoriza, ressonância magnética são uteis para determinar se o shunt está funcionando devidamente. Um médico precisa ser contatado se algum dos sintomas pós-operatórios citados abaixo for sentido:
- Vermelhidão, sensibilidade, dor ou inchaço da pele ao redor do tubo ou incisão.
- Irritabilidade ou sonolência
- Náusea, vômito, dor de cabeça ou visão dupla
- Febre
- Dor abdominal
- Retorno dos sintomas neurológicos pré-operatórios
Prognostico
O prognostico para hidrocefalia depende da causa, extensão dos sintomas e tempo entre o diagnóstico e o tratamento. Alguns pacientes mostram uma excelente melhora com o tratamento, enquanto outros não. Em alguns casos de hidrocefalia com pressão normal, a demência pode ser revertida com a colocação do shunt. Outros sintomas, como dores de cabeça, podem sumir quase imediatamente se os sintomas são relacionados a pressão elevada.
No geral, quanto mais cedo a hidrocefalia é diagnosticada, melhores são as chances de um tratamento bem sucedido. Infelizmente, não há como prever o quão bem sucedida e precisa será a cirurgia em cada individuo. Alguns pacientes terão uma melhora dramática, enquanto outros atingirão um platô ou declínio após alguns meses.
Má funcionalidade ou falhas no shunt podem ocorrer. A válvula pode entupir ou a pressão no shunt pode não ser compatível com as necessidades do paciente, necessitando cirurgia adicional. No caso de uma infecção, terapia com antibióticos pode ser necessária e a substituição temporária do shunt por um dreno até a infecção acabar. Daí, então o shunt pode ser reimplantado. Uma má funcionalidade do shunt pode ser indicada por dor de cabeça, problemas de visão, irritabilidade, fadiga, mudanças de personalidade perda de coordenação, dificuldade em acordar ou se manter acordado, retorno das dificuldades em caminhar, demência leve ou incontinência. Em bebês, os sintomas da má funcionalidade do shunt incluem todos os sintomas citados acima e também vômitos, crescimento inapropriado da cabeça e/ou desvio ocular. Quando um shunt não funciona adequadamente, é preciso que um cirurgião troque a parte bloqueada ou com problemas do sistema do shunt. Felizmente, a maioria das complicações é tratada com sucesso.